Uma empresa americana substituiu crachás e senhas por chips subcutâneos. A prática tem ganhado força na Europa e é chamada de biohacking
Chip: tecnologia permite uso para diversas tarefas (albln/Thinkstock) São Paulo – Uma história chamou a atenção nesta semana. Uma empresa de quiosques de vendas chamada Three Square Market, sediada nos Estados Unidos, encontrou uma solução para facilitar a vida de seus funcionários: colocar chips sob a pele da equipe.
A ideia é que a tecnologia seja usada na autenticação de serviços da empresa por meio da tecnologia NFC—a mesma usada em bilhetes únicos no Brasil e pagamentos digitais, como Android Pay ou Apple Pay. Esse implante substituiria senhas e crachás do escritório. Ainda será possível realizar compras na loja interna usando o chip para o pagamento.
O que parece ser uma história do futuro, é um conto bem contemporâneo. Em apenas alguns dias (a partir do dia 1º de agosto), os chips, que têm tamanho de um grão de arroz, serão colocados entre o polegar e o dedo indicador de 50 funcionários da Three Square Market–veja a imagem do chip abaixo. Outros 30 trabalhadores da empresa preferiram não participar do programa—a adição do chip era opcional.
O CEO da empresa Todd Westby parece animado com a novidade. “Eventualmente, essa tecnologia será padronizada permitindo que seja usada como seu passaporte, identificação para transporte público, compras, etc”,
diz o CEO em pronunciamento à imprensa.
Westby fez alguns esclarecimentos importantes em uma entrevista à rede de televisão americana ABC. Ele afirmou que os dados são criptografados e armazenados de forma segura. “Não há qualquer rastreamento por GPS”, explica.
O projeto não é o primeiro ao redor do mundo. A prática de aliar tecnologia ao corpo humano é chamada de “biohacking”. O programa da Three Square Market está sendo feito em parceria com uma empresa sueca de tecnologia, a BioHax International. Não é ficção científica! Entrevistamos os biohackers que criaram o colírio da visão noturna
É da Suécia, aliás, de onde saem grandes exemplos de biohacking.
Um texto de abril deste ano, produzido pela agência Associated Press (AP), mostrava outros exemplos.
A companhia Epicenter, sediada em Estocolmo, tem um projeto de chips subcutâneos também. “O grande benefício, eu acredito, é a conveniência”, disse à reportagem o CEO da companhia Patrick Masterton antes de abrir uma porta usando o implante em uma das mãos.
Uma companhia de trens da Suécia, a SJ, recentemente
passou a permitir que usuários do transporte usem chips implantados como comprovante de pagamento. A compra continua sendo feita por meio do site ou app da SJ.
A diferença é que um comprovante virtual é enviado ao chip, que é conferido pelo fiscal do trem usando um leitor eletrônico. Estima-se que cerca de 2.000 suecos tenham implantes de chips em seus corpos.
Polêmicas
É claro que a iniciativa não vem sem suscitar questionamentos. Uma das principais preocupações sobre o assunto é relacionada a hackers e privacidade das informações. Alerta: Ataque hacker de hoje é simples e fatal, dizem especialistas
Um microbiólogo do Instituto Karolinska, Ben Libberton, da Suécia,
comentou o assunto com a AP. A principal preocupação do pesquisador é com qual tipo de informação será armazenada no chip. “Conceitualmente, você poderia conseguir dados de saúde, localização, quanto você trabalha, se está tirando pausas durante o dia e coisas assim”, diz.