Relembre a matéria publicada em 2014, na Folha de S. Paulo, e que causou uma enorme repercussão… Esqueça tudo o que falaram sobre efeito estufa e aquecimento global, para o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e pesquisador do Inpe, Luis Carlos Baldicero Molion, nada disso existe.
"Não existem mudanças climáticas atualmente, o homem não controla, absolutamente o clima global. Na verdade, vai haver um ligeiro esfriamento global nos próximos 15 anos", declarou Molion na manhã desta terça-feira (3), no segundo e último dia do Fórum de Sustentabilidade, promovido pela Folha.
Polêmico, o professor prega que os modelos climáticos usados pela maioria dos ambientalistas e climatologistas estão errados. Com isso, todas as projeções de aumento de temperatura "são fictícias", segundo Molion.
O professor usa o exemplo do gás carbônico, cuja emissão é criticada pela maioria dos ambientalistas. De acordo com Molion, o mundo natural –plantas, animais, o mar– jogam, por ano, 200 bilhões de toneladas de CO2 no ar; a ação humana, no entanto, é responsável por "apenas 7 bilhões" de toneladas.
"O gás carbônico não controla o clima global, não faz sentido essa discussão toda em cima da emissão de gás carbônico. Ele não é um vilão, não é tóxico, é o gás da vida. Se acabasse o gás carbônico, acabariam as plantas", fala Molion.
O professor mostrou que, apesar da emissão do gás ter aumentado, a temperatura tem se mantido nos continentes. Segundo dados de satélite, a temperatura dos trópicos tem oscilado entre 1,5 grau positivo e 1,5 negativo desde 1979; os números desta medição mostram, inclusive, que desde 2007 a temperatura média dos trópicos vem caindo, mesmo com o aumento da emissão dos gases.
Molion vai ainda mais além desta tese. "Quanto mais CO2 na atmosfera melhor. Alguns estudos mostram que se dobrar o gás carbônico, as plantas aumentaram de produtividade. Reduzir as emissões é gerar menos energia elétrica é aumentar miséria e desigualdade no planeta", diz o professor.
Para ele, o efeito estufa não existe e "é uma forma de neocolonialismo" dos países mais ricos, uma vez que há uma pressão para que os países em desenvolvimento diminuam a emissão do CO2. "O efeito estufa nunca foi provado cientificamente. O protocolo de Kyoto indica que os países precisam reduzir 5,8% das emissões de gases, o que significa 0,3 bilhão de toneladas, um número pequeno demais."
TERRA FRIA
Na contramão da opinião científica, o professor afirma que o planeta está esfriando e não esquentando. Segundo Molion, a Terra já passou por quatro períodos quentes, alternados com outros mais frios. "O mundo está resfriando, o sol tem ciclo de 100 anos, ele já está 'no mínimo' desde 2008, o que leva os oceanos a esfriar."
Dados apresentados pelo professor indicam que a temperatura do Pacífico oscila entre quente e fria e, desde 2010, passa por um esfriamento. Para ele, os cientistas não conseguem observar tais dados pois falta a eles modelos corretos de análise dos mares. "A lua influencia as correntes marinhas, as placas tectônicas também, os modelos não levam isso em conta. Medir a maré é quase impossível"
Molion afirma que esse "esfriamento global" já aconteceu no século 20, entre 1943 e 1978, quando a temperatura do Pacífico esfriou como ele vê acontecendo agora. "Foi uma época ruim para São Paulo, as chuvas no Estado, e também onde fica o sistema Cantareira, foram reduzidas." Os números, no entanto, não batem com outros dados mostrados por Molion nesta mesma apresentação, quando mostrou que, entre 1941 e 1950, década que teve 78 "tempestades severas" notadas em São Paulo.
"Catástrofes sempre existiram, esteja o clima quente ou frio", sentencia. "O clima varia por causas naturais. Afinal, se soubéssemos com certeza para onde o clima vai, para que existem os climatologistas?", brinca Molion. Para ele, a teoria do aquecimento global já é tão enraizada entre os cientistas que é bem difícil um pesquisador procurar algo diferente.
De fato, Molion tem posições extremamente diferentes da comunidade científica. Segundo o professor, o degelo do Ártico e do Antártico "não está acontecendo". O Ártico, mostra Molion a partir de dados de satélite, tem uma variação na cobertura de gelo desde 1979. "Desde 1979 o gelo começou a cair, em 1995 atingiu o mínimo, se recuperou um pouco, em 2007 voltou a cair, mas atingiu a sua mínima em 2012. Os dados mostram que o gelo já está voltando a subir desde então."
Na Antártica a situação é mais otimista. De 1979 para cá, o gelo só tem aumentado. "A Antártica tem ganho 60 bilhões de toneladas de massas de gelo por ano". Assim, a maré não está aumentando.
Mesmo com posições díspares do discurso ambientalista estabelecido, Molion não se diz contra a preservação do ambiente. "Não é porque acho que o homem não impacta na temperatura da terra que eu não defenda a conservação ambiental. Eu defendo a conservação, porque é de extrema importância para a humanidade."
Embora não esteja muito na moda elogiar o presidente Obama, nesta semana ele recebe meu agradecimento por lançar o que pode entrar para a história como um dos mais importantes passos adotados até hoje por uma grande economia em nome da mitigação da mudança climática.
Detalhes importam, e já falarei deles. Mas por que tanta gratidão? Primeiro, ele mostrou liderança em assegurar a saúde do ambiente no planeta, a longo prazo.
A curto prazo, e de forma mais egoísta, graças a Obama, não tenho de escrever outro lamento sobre como a Copa vai mostrar ao mundo "por que o Brasil é tão bagunçado" ou oferecer uma visão "estratégica" da reunião entre o vice-presidente Biden e Dilma, na semana que vem.
A proposta de Obama cortaria as emissões de gás carbônico pelo setor energético em todo o país em 30% menos do que os níveis de 2005 –níveis que eram, note-se, 10% mais altos do que os de 2012.
Nos EUA, a poluição por gás carbônico corresponde a quase 40% das emissões de gases estufa.
Usinas de carvão, principalmente na era do gás natural, já tiveram dias melhores. Levará ao menos um ano para que as novas regras entrem em vigor. Haverá litígios de Estados dependentes de combustíveis fósseis e muito blá-blá-blá sobre como Obama está acabando com os empregos dos americanos.
Mas meu palpite é o de que incentivos morais e econômicos à transição rumo a uma economia de baixo carbono abafará essas vozes.
Outra grande economia, o Brasil, é o quinto maior emissor do mundo de gases estufa, não por causa de usinas de carvão, mas, em larga medida, por causa da agricultura. Emissões da agricultura cresceram 20% entre 2005 e 2010, o que dá mais de um terço do total do país.
E, apesar de o Brasil ter reduzido emissões relacionadas ao desmatamento em mais de 70% entre 2005 e 2010, a persistência do desmatamento e as mudanças no uso da terra ainda respondem por dois terços das emissões brasileiras.
De acordo com o Instituto de Recursos Mundiais –que viabiliza parcerias muito inovadoras com a Embrapa e a Unicamp–, se deixadas sem fiscalização, as emissões relacionadas à agricultura estão destinadas a crescer 23% até 2030.
Sob seu programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o Brasil planeja reduzir emissões em até 39% até 2020. Porém, o programa recebe poucos fundos e está demorando para entrar em prática.
Uma nova iniciativa, Protocolo de Gases Estufa (bit.ly/1pA033S), pode ajudar ao fornecer ao agronegócio um meio de padronizar, medir e relatar o impacto das emissões de gases estufa sobre o setor.
Ciclos eleitorais e outras diferenças tornam imperfeita a comparação entre as estratégias americana e brasileira. Mas concordo com Todd Stern, negociador-chefe dos EUA para o clima, que me disse que a iniciativa de Obama dá "boas notícias às negociações do clima", que dependem "principalmente das grandes economias" para ser eficaz.
Talvez quando Biden se reunir com Dilma, após o jogo entre EUA e Gana, eles tenham, afinal, uma agenda estratégica para debater.
O Brasil tem muito sol e muito vento, e tecnologias de energia solar e eólica chegam agora ao ponto em que passam a ser economicamente viáveis. Para o país desenvolver esse potencial de eletricidade renovável, porém, é preciso manter o lastro da matriz energética nacional no sistema hidrelétrico.
Esse foi o consenso no debate que reuniu nesta terça (3) três autoridades do país em energia: Jerson Kelman, ex-presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, e Nivalde de Castro, líder do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ. O encontro foi promovido pelo Fórum de Sustentabilidade, da Folha, em São Paulo.
"Temos uma quantidade gigantesca de energia eólica a ser explorada, algo como 400 mil megawatts", afirmou Castro. "Hoje, tudo aquilo o que temos instalado soma 120 mil megawatts." Mas esse potencial requer a base de segurança das hidrelétricas, diz.
"A intermitência do vento deve ser compensada pela água que está nos reservatórios. Quando venta muito, fechamos a torneira das hidrelétricas. Quando venta pouco, abrimos", disse Kelman.
Para o ex-presidente da Aneel, apesar da intermitência, até a energia solar já é competitiva no país –no caso de painéis fotovoltaicos em tetos de casas, que ajuda a abater custos de distribuição. Para a tecnologia vingar, afirma, resta uma mudança de na política de preços do sistema, que hoje não diferencia a energia "local" daquela que precisou ser transportada por longas distâncias.
Os debatedores ponderaram se as energias do sol e do vento poderiam substituir a eletricidade das termelétricas, que hoje corresponde a até 25% da geração, mas é indesejada por ser cara e implicar emissão de gases-estufa.
RESERVATÓRIOS
Para isso, seria desejável corrigir o problema de intermitência da própria hidreletricidade. Chuvas escassas desde 2012, por exemplo, obrigam o governo a manter termelétricas em operação.
Parte da solução seria a construção de mais usinas com reservatórios grandes o suficiente para armazenar água por um ano ou mais. Mas há um gargalo aí.
"O maior potencial para grandes reservatórios era no Sudeste e no Centro-Oeste, mas a maioria deles já foram feitos", diz Zimmermann. "O potencial restante é na Amazônia, região de planície. Lá, usinas com regularização plurianual [estoque de energia por mais de um ano] precisam de reservatório com milhares de km2." O risco, diz, é afogar amplas florestas para criar usinas não tão potentes.
Fonte: Folha de S. Paulo / NoticiasAgricolas.com.br