Nuvens sobre a região de Patriot Hills, na Antártida
Surpreendentemente, a Nasa mostrou que a Antártida está ganhando gelo, em vez de perdendo, como se poderia esperar de um planeta em processo de aquecimento.
Os pesquisadores da agência espacial americana mostraram que o fenômeno aconteceu durante todo o período analisado, de 1992 a 2008. Ao ano, o acúmulo de gelo na Antártida representa uma redução no nível dos oceanos de 0,23 mm –ou seja, de cerca de meio centímetro em 20 anos.
A descoberta não significa, porém, que não exista aquecimento global.
A hipótese para explicar o fenômeno, aliás, relaciona-se justamente com a mudança climática em curso.
A Antártida funciona desta forma: o gelo chega por meio da precipitação ("chuva"), e vai embora quando um bloco congelado se solta do continente, derretendo lentamente no mar, ou por meio de drenagem, ou seja, do escorrimento da água que vai aparecendo.
Se houver mais gelo saindo do que entrando, há então um deficit. Supostamente o aquecimento global deveria facilitar isso ao promover o derretimento, mas pelo jeito não é o caso.
A explicação possível é que o aquecimento global também reforça a precipitação de neve sobre a Antártida. Isso porque ele aumenta a evaporação da água pelo mundo, e as correntes atmosféricas se encarregam de levá-la ao polo Sul.
O trabalho liderado pelo glaciologista americano Jay Zwally detalha que o acúmulo de gelo não é uniforme entre as diferentes regiões da Antártida. A parte leste, por exemplo, está crescendo, enquanto a Península Antártica, região mais próxima à América do Sul, está derretendo mais rapidamente.
Para chegar a essas conclusões, foram feitas diversas medições de satélite. Os resultados foram publicados no "Journal of Glaciology".